Quem é Constance
Dezembro 20, 2011 § 1 Comentário
-Tantos são aqueles que me atormentam.
-Sei como se sente. Deseja então que todos eles morram, não?
-Não! Não é nada disso!
-Desculpe-me pelas mórbidas palavras.
-Desejo eu morrer.
-Isso é mórbido! Terrivelmente!
-Mas ameno.
-Qual a sua ideia de ameno?
-Não tenho ideia do que essa palavra signifique…
-Esposa de Oscar Wilde, como eu poderia esperar resposta diferente? Aquele homem e seus excessos!
-Oscar nada tinha em excesso se não o meu amor.
-Tudo bem Constance, melhor não entrarmos em detalhes com relação a isso, sempre é um assunto delicadamente extenso.
-Extensamente simples! O amo com todo o meu fervor, o amo com toda a minha alma, oh, sinto tanto sua falta… Não… não sei o que…
-Por favor, pare de chorar agora mesmo. Isso, recomponha-se. Logo ia começar a chorar e suplicar às saudades por Oscar.
-Nada suplico às saudades, suplico apenas à falta. Esta me escuta em excesso.
-Voltemos aos assuntos mórbidos, são menos intensos.
-Desejaria morrer hoje mesmo.
-Viu? Há simplicidade em suas palavras com relação a morte muitÃssimo mais que quando refere-se a Oscar.
-Ora! Isso é a coisa mais óbvia já dita por um ser humano conhecedor da consciência viva de uma esposa desolada como eu!
-Constance, volte agora mesmo a dizer os motivos que te levam a esse desejo de morte, por favor.
-As pessoas! Irritam-me!
-Porque não as induz à morte? Tem potencial para tal.
-Não, de forma alguma. De nada adiantaria.
-Suas dores são, então, pessoais.
-Creio que sim ou que não.
-Explique-se.
-Mesmo que eu consiga induzir meia dúzia delas a morte sobraria ainda um mundo inteiro, você sabia? São aproximadamente sete bilhões de pessoas. Morrer eu mesma seria mais prático. Talvez as dores sejam minhas, internas, irremediáveis, incompreensÃveis, talvez jamais serei curada, no entanto também existe a possibilidade de serem as pessoas, sim, todas elas, as sete bilhões e seus cerebrozinhos insuportáveis, irremediáveis, incompreensÃveis! Prefiro postar-me a sofrer e desejar eternamente a morte até que ela se apresente a mim.
-Devo dizer que esta é uma criatura terrÃvel para tais propósitos. Comparece apenas quando não é convidada e quando aclamada, desaparece!
-Esperá-la-ei enquanto sofro e falo-te sobre Oscar…
-Desejo então que a morte nunca apareça, pois assim espero que ela venha depressa! Nada mais denso e sufocante que ouvi-la falar sobre Oscar Wilde!
Ah, e vai se mudar para Vancouver no final do ano, o que me deixou ainda mais confusa em relaàão ao pàssimo inglês dele.